Por estes dias, me percebi “estranhando” um jeito peculiar de falar que nós, gaúchos, temos. Muito além dos estereotipados “Bah*” e “Tchê”, que dariam textos por si só, percebi os nossos comparativos que, por falta de definição oficial, vou chamar de “mais-quês” gauchescos, como o Pedro fez originalmente aqui.
Muito além do eufemismo, os “mais-quês” são uma forma útil de ilustrar exatamente o que estamos querendo dizer com determinados adjetivos, e ainda conferir certa “força expressiva” à frase. Por exemplo: se eu dissesse que Fulano foi à festa, e pareceu deslocado à noite toda, não teria o mesmo peso da frase: “Fulano foi à festa, mas ficou toda a noite mais perdido que cego em tiroteio” (esta, a mais célebre de todas as comparações), certo?
Com a ajuda do Fabrício, listei alguns dos “mais-quês” que pude lembrar. São eles:
Mais sério que guri cagado.
Mais por fora que braço de caminhoneiro.
Mais apertado que jeans de fresco.
Mais metido que cupim em metalúrgica.
Mais deslocado (metido/perdido) que cebola em salada-de-frutas.
Mais faceiro que mosca em tampa de geléia.
Rebola mais que bolacha em boca de banguela.
Mais feio que banguela gritando “goool”.
Mais perdido que filho da P*** em dia dos pais.
Mais assanhado que tia solteirona em festa de casamento.
Mais engraçado que gorda colocando as calças.
Mais extraviado que chinelo de bêbado.
Mais grosso que dedo de gringo destroncado.
Mais nervoso que gato em dia de faxina.
Mais louco que galinha agarrada pelo rabo.
Mais branco que perna de freira.
Mais comprido que esperança de pobre.
Mais conhecido que parteira de campanha.
Mais frouxo que peido em bombacha.
Mais curto que coice de porco.
Mais engraxado que telefone de açougueiro.
Mais inútil que buzina em avião.
Não fui capaz de compor um “mais-quê” à altura do iniciado no título. Se alguém arriscasse, ficaria mais faceira que guri de bombacha nova. ^^
*Bah: contração de “barbaridade”. Pode significar surpresa, espanto, indignação, desprezo, e... Oras. Pode significar praticamente qualquer coisa! XD
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